Hoje em dia a inovação tem se tornado pauta central no planejamento e no cotidiano das grandes empresas. Isso porque ela está associada à sobrevivência e à manutenção de bons resultados a curto e longo prazo. É comum vermos inovação associada aos mais diversos fatores como tecnologia, design thinking, data science, startups, inovação aberta entre outras estratégias. Mas, o que nem todos sabem é que essas estratégias fazem parte de um conjunto de direcionadores dentro das organizações para guiarem seus esforços inovativos de forma efetiva, o que a gente aqui na Inventta chama de Drivers de Inovação.
Para compreendermos o que são drivers de inovação, a primeira coisa que precisamos saber é que a inovação não é o fim ela é o meio, ou seja, ela é o percurso que a empresa percorre entre o que ela é hoje e o que ela quer ser amanhã, entre a proposta de valor que ela tem hoje e a que ela quer ter amanhã. O sucesso dessa jornada é o que chamamos de inovação.
Os drivers de inovação são como diversas avenidas principais no percurso de inovação das empresas. Cada uma delas levam a outras ruas e trajetos. Em outras palavras, são estratégias e projetos de inovação que se adequam aos diferentes modelos de negócio e aos recursos de cada empresa e setor.
Conhecendo os 6 drivers de inovação
Os Drivers de inovação da Inventta são seis direcionadores de esforços para inovação que podem ser de origem Tecnológica, Comportamental e de Negócios.
Tecnologia
O primeiro driver de inovação é o de Tecnologia, está ligado aos esforços de pesquisa e desenvolvimento ou aperfeiçoamento tecnologias, áreas de P&D, patentes, desenvolvimento de parcerias tecnológicas dentre outras iniciativas. Com certeza as primeiras associações com esse driver são empresas como Tesla, Google, NASA e Apple, e essas são com certeza referencias do driver de tecnologia.
Contudo drivers de inovação também podem ser encontrados em setores econômicos ou mercados. Nesse caso temos o exemplo da agricultura na Holanda no driver de tecnologia. O país que tem uma área menor do que o estado do Rio de Janeiro é o segundo maior exportador de produtos agrícolas do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos em volume de dinheiro.
Esse marco é possível devido aos altos investimentos em tecnologia dos pequenos produtores, investimentos que servem tanto para otimizar o plantio por exemplo com carrinhos automáticos na colheita, ou empregar alta qualidade na hora de embalar pimentões que são fotografados nas esteiras para receberem embalagens conforme dimensão e peso.
Data
Outro driver de inovação, que tem ganhado ênfase, é o Driver de Data, relacionado a análise de dados e aplicação de tecnologias cognitivas , ou seja tecnologias capazes de desenvolver soluções e análise que simulam o raciocínio humano. Isso permite às empresas análises mais precisas de dados, melhorar a interação com clientes, simplificar processos e até mesmo prever oportunidades e ameaças econômicas ou de oferta de matérias primas, por exemplo. O driver de data é marcado pela tecnologia da informação, internet das coisas (IoT), big data e inteligência artificial.
Um bom exemplo da importância desse driver vem de uma inovação do Grupo Pão de Açúcar que a partir de análises dos hábitos de compra de cada usuário oferece descontos personalizados no seu app “Meu Desconto”.
Outro case importante de um cliente da Inventta é a solução de pulverização inteligente da Bosch, que utiliza de georreferenciamento e câmeras especificas que capturam e processam algoritmos de inteligência artificial para reconhecerem e acionarem os pulverizadores de defensivos agrícolas apenas nas ervas daninhas, reduzindo o uso de agrotóxicos no plantio e até maior eficiência no combate a pragas.
Networking
O driver de inovação de networking está relacionado aos esforços de inovação gerados a partir do conhecimento de redes internas ou externos à organização, de forma a utilizar-se dessas conexões para impulsionar projetos de inovação. Dentro desse driver de inovação estão os programas de ideias como os hackathons ou bootcamps, crowdsourcing, parcerias, processos de co-criação e formação de redes.
As iniciativas de inovação aberta, também fazem parte do driver de networking, um exemplo é o Braskem Labs, programa de empreendedorismo da Braskem que, desde 2015, co-cria projetos junto às startups com foco em soluções para a cadeia química e do plástico.
Na última edição do programa alguns projetos pilotos, resultado do processo de encubação da Braskem Labs, também estabeleceram parcerias com empresas como Johnson & Johnson, Oxiteno, Grandene e Sherwin-Willians em soluções que também agregam valor as suas cadeias produtivas.
Design
O driver de inovação de design tem ganhado bastante destaque recentemente com a emergência do design thinking que traz a criação do produto ou serviço com foco no usuário. Contudo esse driver também incorpora as inovações criadas a partir do estudo e análise das pessoas, seus hábitos, suas motivações, desafios e comportamentos. Dentro do driver de design estão inovações que partam de análises de etnografia, estudos comportamentais, tendências de consumo e marketing, por exemplo.
Aqui na Inventta a gente ajudou a Saint Gobain criando estratégias dentro do driver de inovação de design. A empresa chegou com o case de perda de mercado para produtos chineses – a princípio – pelos preços mais baixos do concorrente.
Indo a campo, estudando e acompanhando como os trabalhadores agrícolas lidavam com facões e por consequência os amoladores da empresa, percebemos que uma série de normas de segurança tornaram os produtos Saint Gobain inadequados, ainda que eles fossem preferidos dos trabalhadores por terem melhor desempenho. Isso porque o movimento que o trabalhador precisava fazer para amolar o facão era um dos responsáveis pelos acidentes de trabalho.
Nesse caso, ao invés de desenvolver um produto mais barato e inferior em qualidade a empresa melhorou o design do produto, que agora tinha uma peça de proteção, que protegia o trabalhado e cumpria as normas de segurança.
Venture
O driver de inovação de venture tem ganhado espaço entre as discussões de negócios. O termo em inglês, que pode ser traduzido como “risco”, se refere aos esforços de investir ou até adquirir novos negócios.
As empresas que são guiadas por esse driver buscam o desenvolvimento de novos negócios. Elas almejam investir em empresas de menor porte ou startups. Elas por sua vez devem atuar num mercado oportuno ou que tenha desenvolvido alguma solução que representa uma melhoria ou inovação na sua operação e seu portfólio, por exemplo.
A Jundu, cliente da Inventta, é um bom exemplo de como o driver de venture gera alavancas de inovação. A mineradora tem uma grande expertise no refinamento e tratamento de areia para indústria do vidro. No entanto, ela desenvolveu também um grão ideal para a prática de esportes de areia.
Esse material apresenta diferenciais atrativos. Ele não esquenta e tem maior capacidade de drenagem, por isso evita a formação de poças d’água. Por fim, essa areia absorve melhor impacto, reduzindo o risco de lesão do atleta.
Para além da venda do produto, como faz dentro do ramo de mineração, a empresa criou um modelo de negócio. Este entrega toda a infraestrutura e serviços de manutenção de quadras para esportes de areia e chama-se Super Quadra Jundu. Uma solução com margens de contribuição maiores do que a venda exclusiva da areia e com um novo modelo de contratação e receita para a empresa.
Purpose
Na lista de drivers de inovação, contém também o purpose, ou propósito. Trata-se do caminho em que as empresas direcionam seus esforços de inovação a partir dos seus propósitos. O engajamento delas está direcionado em valores e pautas relevantes para seus clientes, colaboradores e até em nível global. Aqui os esforços inovativos estão em criar negócios e produtos conscientes. Os objetivos são estimular a liderança e a reorganização de seus modelos de negócios para gerar impactos positivos.
No driver de purpose, a Natura é uma das principais referências. A empresa tem sua cadeia produtiva orientada para redução de lixo, prioriza recursos renováveis em sua composição e atua na mitigação dos índices de emissão de carbono. Ela também mantem investimentos voltados à preservação da Amazônia e da sua biodiversidade, ao incentivo a eventos culturais, ao apoio à educação básica de qualidade e ao suporte a projetos de empreendedorismo para a sua rede de consultoras. O último, especialmente, tem como foco o empreendedorismo feminino.
Tais iniciativas além de estarem relacionadas com o alto nível de engajamento de seus colaboradores também fidelizam, inspiram e aproximam seus clientes da marca.
Qual a importância de conhecermos os drivers de inovação?
Conhecer os drivers de inovação permite as empresas refletirem como seus esforços podem ser direcionados conforme os recursos e perfil de cada empresa.
Vale a pena ressaltar que empresas inovadoras não se guiam única e exclusivamente por um driver de inovação. Pelo contrário! Marcas importantes que citamos aqui possuem estratégias e esforços e um blend de drivers de inovação. Estes são importantes para suportar e fortalecer as estratégias de inovação da empresa.
A Natura, por exemplo, fez algo a mais para conseguir desenvolver cadeias produtivas mais sustentáveis e com impacto positivo (driver de purpose). Ela precisou também de esforços em inovação em tecnologias e pesquisas em P&D (driver de tecnologia). A companhia mantém ainda diversos projetos de inovação aberta e intra-empreendedorismo na sua rede de colaboradores. Por fim, ela possui ainda consultoras que suportam o desenvolvimento de novos produtos e serviços (driver de networking).
Exemplos como esse nos mostram que conhecer os principais drivers de inovação nos ajudam a criar estratégias de inovação mais efetivas. Aquelas com integração de esforços. Acima de tudo, aquelas foco em projetos com potenciais estratégicos alinhados aos recursos, visão de futuro e propostas de valor de cada empresa.
Referência: https://inventta.net/drivers-de-inovacao/